(Agência Brasil, 05/11/2015) Diferentes temas ligados à população negra serão debatidos em Brasília, durante a 4ª Semana de Reflexões Sobre Negritude, Gênero e Raça (Sernegra), do Instituto Federal de Brasília, e o 2º Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros da Região Centro-Oeste (Copene CO), abertos nessa quarta-feira (4) no Cine Brasília, na parte sul da cidade.
Glauco Vaz Feijó, integrante da coordenação-geral do Sernegra, informa que a semana teve a primeira edição em 2012, a partir de uma demanda de estudantes que sentiram a necessidade de debater temáticas raciais dentro da instituição. A questão racial no Brasil e seus aspectos jurídicos, educação, cultura e arte estão na programação deste ano, que traz também uma homenagem a Maria Felipa.
Trata-se de “uma heroína negra, reconhecia na Bahia mas desconhecida no resto do país, uma figura que tem representação muito forte do que é o feminismo negro, da força desse movimento”, disse Glauco. Para o coordenador, o evento é uma oportunidade de fortalecer o enfrentamento ao racismo, que considera urgente: “É uma mudança estrutural que tem que ocorrer na nossa sociedade, para que seja mais fraterna, mais justa”.
Luciana de Souza Ramos, secretária substituta de Políticas Afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), esteve presente na abertura. Ela destacou a importância dos debates que serão feitos por pesquisadores nos 12 grupos de trabalho do Copene: “Fortalece não só o debate das ações afirmativas, mas outra forma de produzir conhecimento e de construir o saber dentro das universidades”. Ela lembrou a importância das pesquisas para que as políticas sejam elaboradas.
O presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, Paulino Cardoso, disse que outro objetivo do Copene é mobilizar os pesquisadores para a elaboração de agendas: “E o que é uma agenda? É pensar aquilo que diz respeito ao enfrentamento do racismo institucional no interior das instituições acadêmicas”. As agendas propostas serão levadas para a edição nacional do Copene, no ano que vem.
Durante a abertura dos eventos foram exibidos dois filmes do cineasta Jeferson De: o curta-metragem Carolina, uma biografia da escritora Carolina de Jesus, e o longa Bróder que, ao mostrar a história de três amigos, aborda temáticas como a diferença de classes, os conflitos raciais e a violência. O cineasta observa que a representação negra no cinema vem crescendo no Brasil, mas precisa avançar.
“O povo negro brasileiro é muito diverso e não temos essa representatividade estabelecida ainda no cinema, principalmente quando se fala da mulher negra”. Para Jefferson De, o cinema causa impacto na maneira como a população negra se vê. Ele acredita que o debate da temática negra nos dois eventos é importante para toda a população: “Temos a presença, hoje, não só de estudantes, jovens, homens e mulheres negros. Há uma diversidade de pessoas interessadas na história do Brasil e que, na verdade, é a sua história”.
A 4ª Semana de Reflexões Sobre Negritude, Gênero e Raça e o 2º Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros da Região Centro-Oeste vão até o próximo dia 8. No encerramento, os participantes visitarão o Quilombo Mesquita, na Cidade Ocidental (GO), no entorno do Distrito Federal, para uma roda de conversa.
Michèlle Canes; Edição: Jorge Wamburg
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