Por que o sucesso destas mulheres negras incomoda tanto?

07 de dezembro, 2015

(HuffPost Brasil, 07/12/2015) Taís Araújo, Maju Coutinho, Cris Vianna e, agora, Sheron Menezzes.

O que elas têm comum?

São mulheres. São negras.

E estão na mídia. Sob os holofotes.

São estrelas, referências, exemplos.

Em que outro momento a televisão brasileira teve tantas mulheres negras como protagonistas na dramaturgia ou no jornalismo?

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A participação delas não é mais de figuração, configurando o que seria “o lugar do negro”, como bem diagnosticaram nos anos 80 os pensadores Lélia Gonzalez e Carlos Alfredo Hasenbalg.

Não é coincidência que quando se ampliam o espaço e a visibilidade de mulheres negras tão talentosas uma sequência de ataques ofensivos e discriminatórios tome conta das redes sociais.

Assim como agressões verbais a negras nas universidades acompanham o início da adoção de ações afirmativas, a inclusão e a ascensão delas na TV também geram reações negativas.

Por que o sucesso das mulheres negras incomoda tanto?

Porque elas estão cada vez mais representadas.
Porque existe uma consciência cada vez maior do racismo cordial no Brasil.
Porque falamos cada vez mais sobre isso, cobrando a desconstrução dos papéis raciais que durante anos aceitamos goela abaixo sem questionar.

Porque elas são lindas e orgulhosas.
De sua cor.
De seus traços.
De seus cabelos.
Negros.

O que durante séculos recebia o carimbo de negativo por ser “de preto” agora é assimilado por boa parte da população como motivo de orgulho.

Claro que, em um País onde 53% das pessoas são pretas e pardas, precisamos ainda de mais exemplos. Médicos, advogados, ministros do Supremo negros.

Porém, já vemos frutos da luta histórica do Movimento Negro Unificado, da implementação de cotas com orientação racial nas universidades públicas, da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e do debate sobre representatividade dos negros na sociedade brasileira.

Mas, à medida que mais mulheres negras deixarem a posição de “minha empregada”, infelizmente veremos mais reações como as sofridas por estrelas negras.

São “racistas escondidos sob o pretenso anonimato da internet”, como bem assinalou Cris Vianna.

As polícias civis do Rio de Janeiro e de São Paulo já estão atrás deles.

E não importa se são meramente haters, que querem apenas chamar atenção.

Conforme ressaltou Sheron, a discriminação racial “atinge milhões de pessoas no Brasil todos os dias”.

Por isso, punir essas demonstrações de racismo nas redes sociais tem caráter pedagógico.

O racista precisa aprender que sua conduta é crime, independentemente da pessoa a quem endereça as ofensas.

E precisa entender que o presente não admite desrespeito nem ódio a nenhuma mulher negra.

Seu recalque e seu racismo só vão alimentar o brilho de Sheron, Maju, Cris, Taís.

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