(Mulheres da Periferia, 08/03/2015) Herança escravocrata. Escravidão modernizada. As antigas amas de leite e mucamas hoje são cozinheiras, governantas, lavadeiras, babás. E quando o corpo é negro, os indicadores retratam a agressividade do racismo: as mulheres pretas são a maioria na categoria, têm os piores salários, as condições de trabalho mais precárias e predominam como chefe de família.
A pesquisa “O Emprego doméstico no Brasil” (Dieese/2013), considerando o período de 2004 a 2011, mostrou a tendência de elevação do percentual de trabalhadoras domésticas negras em todas as regiões do país, exceto para a região Norte, que teve uma redução – abaixo de miníma, diríamos – de 79,6%, em 2004, para 79,3%, em 2011. A região Sudeste registrou o maior aumento de mulheres negras ocupadas no trabalho doméstico no período, com o percentual correspondendo a 52,3%, em 2004, e atingindo 57,2%, em 2011.
Em todas as regiões e circunstâncias, a mulher negra tem uma remuneração inferior a da mulher não negra. Enquanto uma diarista negra recebe R$ 5,34 pela hora trabalhada, a não negra ganha R$ 6,94.
Em relação à idade, a suscetibilidade também é maior. Em 2004, o índice de empregadas domésticas negras entre 10 e 17 anos era de 7%, contra 4,9% de não negras. Em 2011, este número reduziu de 4,3% para 3,4%, respectivamente.
De modo geral, a faixa etária predominante é de mulheres entre 40 e 49 anos (28,5%) e houve um crescimento de mulheres acima de 50 anos, de 13,7% em 2004 para 21,9% em 2011. Por outro lado, houve uma queda de mulheres jovens, com idade entre 10 e 24 anos. Este número demonstra um avanço no campo educacional – Nós, do coletivo, somos uma prova disso.
Com relação à condição no domicílio, a maior proporção de mulheres ocupadas no emprego doméstico era composta por mulheres casadas (42,7%), embora seja importante a parcela de ocupadas na posição de chefe de família (35,3%), em 2011. A proporção de trabalhadoras domésticas não negras casadas (47,7%) superou a de mulheres negras (39,5%), em 2011.
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