Um em cada 25 americanos já sofreu com ‘vingança pornô’, revela estudo

13 de dezembro, 2016

Lésbicas, homossexuais e bissexuais são os mais afetados por esse assédio cibernético

Um em cada 25 americanos já enfrentou um tipo de assédio que ficou conhecido como “revenge porn”. Ou, em português, “vingança pornográfica”. Essa situação acontece quando alguém decide se vingar de um ex-parceiro expondo imagens íntimas da pessoa na internet sem o consentimento dela, ou, ainda, quando alguém invade arquivos alheios que contenham gravações ou fotos íntimas e as divulga.

(O Globo, 13/12/2016 – Acesse em pdf)

Publicada nesta terça-feira, a pesquisa foi realizada pelo Data & Society e pelo Centro para Pesquisas Inovadoras em Saúde Pública, ambos nos EUA, e inclui no número de vítimas aqueles que tiveram sua privacidade exposta na rede e aqueles que sofreram ameaça de isso acontecer, mesmo que não tenha sido levada a cabo.

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A “vingança pornô” ganhou as manchetes de jornais de todo o mundo nos últimos anos, especialmente porque famosos como Jennifer Lawrence e Scarlet Johansonn sofreram esse tipo de assédio cibernético, tendo fotos nuas vazadas. No Brasil, foi criada a lei que ficou conhecida como “Lei Carolina Dieckmann”, que torna crime a invasão de aparelhos eletrônicos para obtenção de dados particulares. A lei foi sancionada em 2 de dezembro de 2012, após a atriz ser vítima de um ataque assim. Ao todo, 36 imagens da atriz foram publicadas na web em maio de 2012. Ela recebeu ameaças de extorsão para que pagasse R$ 10 mil para não ter as fotos publicadas.

MULHERES TÊM MAIS IMAGENS POSTADAS

A pesquisa americana foi feita por telefone com mais de 3 mil usuários de internet dos EUA que tinham 15 anos de idade ou mais. Uma das conclusões foi que lésbicas, homossexuais e bissexuais são os mais afetados: 15% dos entrevistados que se identificaram como gays ou bissexuais disseram que alguém ameaçou compartilhar imagens deles nus sem consentimento, e 7% disseram que essas fotos foram divulgadas.

Entre as mulheres com menos de 30 anos, 10% afirmaram ter enfrentado ameaças semelhantes, enquanto 6% disseram que suas imagens foram postadas on-line. Os homens enfrentaram taxas semelhantes de exposição global, mas menos ameaças, de acordo com o estudo.

Amanda Lenhart, principal autor do relatório, disse que os pesquisadores decidiram perguntar sobre ameaças porque é uma tática coercitiva comum entre as vítimas de violência doméstica.

Ela ressalta que passar pela situação de ver suas imagens íntimas expostas on-line “é uma experiência devastadora” para as vítimas e pode causar profundas cicatrizes emocionais. Em alguns casos, pode levar a problemas de confiança e dificuldade de se manter no emprego — especialmente se a vítima tem um cargo de professor ou que exija com que ela fique constantemente aos olhos do público.

A pornografia da vingança também pode ameaçar a segurança das vítimas, destacou a autora, principalmente se as imagens forem postadas junto com outras informações pessoais. Algumas vítimas disseram que seus assediadores publicaram as imagens na internet com seu nome completo, endereço e detalhes sobre seu emprego.

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