Marina Silva, sua bravura nos inspira.
Queremos o fim da violência política de gênero e raça!
A violência política de gênero e raça não começa com um tapa. Muitas vezes, ela se inicia de forma sutil: um comentário desdenhoso, uma interrupção constante, uma ameaça velada. É disso que se trata o que vem ocorrendo com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. É violência política e precisamos nomeá-la como tal.
Mesmo após eleitas, mulheres enfrentam obstáculos que seus colegas homens raramente conhecem. Ameaças, difamações, desvio de recursos de campanha, tentativas de silenciamento e exclusão de espaços de decisão ainda fazem parte da rotina de quem ousa ocupar o poder sendo mulher.
Não se engane. Declarações como “gostaria de enforcá-la” ou “ponha-se no seu lugar” não são episódios isolados de machismo e misoginia contra uma das maiores defensoras dos direitos socioambientais do país. Elas fazem parte de um padrão. O desrespeito é a regra e o respeito, quase exceção. Isso não afeta apenas mulheres eleitas, mas também ativistas, líderes de movimentos sociais e defensoras dos direitos humanos e dos direitos das mulheres.
A pesquisa Por Mais Mulheres na Política, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Ipec, com apoio do Ministério das Mulheres, escancara essa realidade: 4 em cada 10 brasileiros reconhecem que o assédio e os ataques machistas dentro e fora dos partidos são uma das principais barreiras à participação feminina na política. E 84% da população afirma que a baixa representatividade das mulheres em cargos políticos é consequência direta da discriminação e da violência.
Não bastasse isso, um em cada quatro brasileiros acredita que a política é um ambiente duro demais para as mulheres e que elas seriam “emocionais demais” para esse espaço. Mas os fatos mostram o oposto: mulheres na vida pública enfrentam com persistência e coragem múltiplas formas de violência, apenas por exercerem seus direitos políticos.
Vemos com profunda preocupação os ataques e agressões verbais direcionados à ministra Marina Silva, uma mulher negra, amazônica, cuja trajetória é marcada pela coragem, resistência e pelo compromisso histórico com o Brasil. Marina é referência na luta socioambiental nacional e internacionalmente e sua presença em um cargo de destaque é símbolo de resistência e avanço democrático em nosso país. É alarmante que, ainda hoje, mulheres em espaços institucionais continuem sendo alvo de violência política de gênero e raça. Nós, mulheres do Instituto Patrícia Galvão, expressamos nossa solidariedade à ministra Marina Silva e a todas as mulheres que, ao exercerem seus direitos políticos, enfrentam o machismo, a misoginia e a violência institucional. Seguimos firmes na luta por igualdade, respeito e por uma política democrática que vá além do discurso e se concretize em práticas efetivas.”
Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão.