53% das prefeitas dizem ter sofrido violência política apenas por serem mulher
(Folha de S. Paulo | 28/11/2021 / Por Ana Cristina Rosa)
A violência política de gênero é a maior barreira à participação feminina nos espaços de poder e de decisão. Mesmo acompanhando a questão, fiquei impactada ao ouvir esse dado em meados deste mês enquanto mediava evento no Mato Grosso do Sul sobre a participação da mulher negra nesses espaços.
A informação consta da pesquisa “Perfil das Prefeitas no Brasil – 2017/2020”, realizada pelo Instituto Alziras com 45% das 649 eleitas em 2016 e apresentada pela advogada Roberta Eugênio, co-diretora da instituição. A maioria das participantes do levantamento (53%) declarou ter sofrido assédio ou violência política pelo simples fato de ser mulher.
Entre os principais entraves citados, assédio e violências simbólicas nos espaços políticos correspondem a 30%. O desmerecimento ao trabalho e às falas femininas respondem por 23%. Coisa lamentável, mas que não surpreende se considerarmos o que passaram recentemente senadoras na CPI da Covid-19.
Não por acaso, o Brasil ocupa a 142ª posição no ranking de participação de mulheres na política entre 192 países. E as redes sociais têm sido usadas nesse jogo sórdido.
No primeiro turno de 2020, cerca de 40 xingamentos ao dia foram direcionados a candidatas por meio do Twitter, segundo o MonitorA, observatório da violência política do InterLab e da Revista AzMina. Quer demonstração de desrespeito mais explícita e nociva à diversidade nos espaços de poder?