No ano passado, 480 mil postos com carteira assinada foram perdidos, e mais de 462 mil eram ocupados por mulheres. Ou seja: mais de 96%, segundo análise dos dados do Ministério do Trabalho.
(Jornal Nacional | 08/12/2021 | Por Redação)
O comércio e os serviços aparecem como os setores que mais demitiram no ano passado. E mulheres, na grande maioria.
A face mais comum do desemprego é a feminina. Tem rostos como o de Maíra, que trabalhava em uma agência de viagens antes da pandemia trancar o mundo. Ela ficou grávida e, quando voltou da licença-maternidade, foi demitida porque a empresa faliu.
“Fui desligada em dezembro e desde então venho procurando emprego, inclusive de outras funções, em outras áreas, e não tenho conseguido”, conta Maíra Poleto Rotatori, operadora de turismo desempregada.
Uma análise dos dados do Ministério do Trabalho mostra que os efeitos da pandemia no emprego foram mais cruéis para as mulheres.
No ano passado, 480 mil postos com carteira assinada foram perdidos, e mais de 462 mil eram ocupados por mulheres. Ou seja: mais de 96%.
Os números aprofundaram ainda mais uma desigualdade já conhecida, diz o economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores.
“A pandemia acabou intensificando e ampliando essa desigualdade de gênero no mercado de trabalho. E ainda hoje, a gente vive numa sociedade em que boa parte das tarefas domésticas e dos cuidados com as crianças acabam recaindo sobre as mulheres”, explica.