Além da misoginia, profissionais precisam lidar com ofensas pessoais e ataques que descredibilizam a luta antirracista
(Revista AzMina | 27/01/2022 | Por Jamile Santana e Laís Martins)
Atenção: A reportagem abaixo mostra trechos explícitos de conteúdo misógino e racista. Optamos por não censurá-los porque achamos importante exemplificar como o debate é violento nas redes, como a violência contra mulheres jornalistas se espalha, quais termos são frequentemente utilizados e como podemos identificá-la.
Mulheres jornalistas, em geral, enfrentam desafios ao se posicionarem nas redes sociais. No caso de mulheres negras e indígenas encontramos aspectos ainda mais problemáticos. Além da misoginia e violência de gênero da qual são alvos apenas por serem mulheres, estes grupos sofrem ataques que tentam descredibilizar as lutas antirracista e pela garantia dos direitos constitucionais de povos indígenas.
Acusações como “discurso de mulher negra”, ”vitimismo” e “oportunista” são frequentemente encontradas em tuítes escritos para estas profissionais. É o que mostra a investigação de dados feita por Revista AzMina, InternetLab e Núcleo Jornalismo, junto ao Volt Data Lab e ao INCT.DD, com financiamento do Carnegie for International Peace e apoio do International Center for Journalists (ICFJ).
A segunda reportagem da série sobre violência de gênero contra jornalistas analisou quase 240 tuítes ofensivos direcionados a um grupo de 26 jornalistas mulheres, negras e indígenas. Identificou-se ainda que apenas duas em cada 10 ofensas foram removidas pela plataforma da rede social. Os termos mais incidentes se dividem em categorias como racismo, xingamentos pessoais, ofensas à atuação profissional, descrédito intelectual, machismo, ameaça física e assédio sexual.