(Folha de S. Paulo| 08/05/2022 | Por Emma Goldberg)
Quando Barbara Schwartz relembra seus dias de juventude trabalhando como assistente de palco na Broadway, ela se lembra de toda a excitação: as bailarinas nervosas vestindo os figurinos nos bastidores, os contrarregras segurando lanternas entre os dentes.
Ela foi capaz de se lançar nessa carreira de alta pressão por causa de uma escolha que fez em 1976, diz. Ela fez um aborto numa clínica que encontrou nas Páginas Amarelas. Foi três anos depois que a decisão judicial Roe v. Wade estabeleceu o direito constitucional ao aborto; para Schwartz, o mundo parecia cheio de novas oportunidades profissionais para as mulheres. Ela conseguiu um cartão de crédito em seu nome, tornou-se uma das primeiras mulheres a entrar no sindicato local e se juntou à multidão de trabalhadores técnicos em shows como “Cats” e “Miss Saigon”.
Hoje com 69 anos, Schwartz está aposentada. Ela passa estes anos escoltando mulheres até as portas de uma clínica de aborto na fronteira da Virgínia e do Tennessee. Foi atraída por esse trabalho voluntário, segundo disse, porque para ela a promessa de seus 20 anos diminuiu –o resultado de leis que reduziram o acesso ao aborto, com um projeto que vazou da Suprema Corte na semana passada revelando que Roe provavelmente será derrubada.