Ela corria risco de vida por causa da gravidez, mas o Judiciário negou seu direito ao aborto

06 de junho, 2022

(The Intercept| 06/06/2022 | Por Yasmin Santos)

Aline estava na fila de espera do SUS para a inserção do DIU quando descobriu que estava grávida. Fazia menos de um ano que a jovem enfrentara um adoecimento severo na primeira gestação, que culminou em um AVC no parto. Uma epopeia que a deixou paralisada por seis meses e desencadeou uma série de surtos psicóticos. Com esse histórico, uma nova gravidez era mais do que indesejada: era um grande risco à sua vida. Amparada pela lei, ela reuniu os documentos necessários e recorreu ao Judiciário de Alagoas para fazer valer um direito garantido às brasileiras desde 1940. Mas, contrariando dois laudos médicos, Ministério Público e juiz decidiram que ela tinha condições de parir.

A história da alagoana de 22 anos começou em 2020. Na madrugada de 14 de maio, aos sete meses de gestação, Aline chegou ao hospital se queixando de insônia e dor na nuca. Logo que foi atendida, começou a ter convulsões. Nada fazia a sua pressão baixar, nem mesmo o remédio. O quadro se agravou diante de outro diagnóstico: mãe e bebê haviam contraído covid-19. Durante o parto prematuro, uma cesárea, Aline foi intubada e a infecção do coronavírus provocou um AVC: um coágulo se formou, bloqueando o fornecimento de sangue para uma parte do seu cérebro.

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