(Estadão| 01/06/2022 | Por Luciana Dyniewicz e Shagaly Ferreira)
Se chegar ao topo de uma empresa já é difícil para as mulheres em geral, que precisam “pular um degrau quebrado da escada”, algumas enfrentam dificuldades extras para subir na vida corporativa. As mulheres negras, por exemplo, precisam “construir a própria escada” para chegar lá, diz Nadja Brandão, executiva que já foi diretora jurídica no Brasil de uma multinacional espanhola e de uma italiana. Ela agora busca uma vaga em um conselho de administração.
A comparação de Nadja faz referência ao problema conhecido no ambiente corporativo como “degrau quebrado”, isto é, ao fato de as mulheres, em grande parte, terem acesso ao mercado de trabalho, mas, conforme se aproximam do topo da hierarquia das organizações, encontram obstáculos que dificultam a ascensão. As opções são, assim, parar por ali ou fazer um esforço muito maior para pular esse degrau quebrado.
Dados do Instituto Ethos de 2015 mostravam que, em 117 empresas que faziam parte da lista das 500 maiores do País, as mulheres negras ocupavam 10,6% das vagas. Esse número caía para 8,2% no nível de supervisão e para 1,6% no de gerência. Nas posições de diretoria, era 0,4%, ou duas entre 548 profissionais.