De véu, de óculos escuros, de peitos de fora. Mulheres protestaram ontem ao redor do mundo como quiseram ou puderam, participando de manifestações em países de tolerância e igualdade de gênero variadas como Filipinas, Egito, China e EUA.
Entre as demonstrações públicas do Dia Internacional da Mulher, a Turquia servia ontem como microcosmo da luta feminina, ao reunir em seu território três acontecimentos relativos à data.
Primeiro, o Parlamento aprovou um pacote de leis voltado à proteção de mulheres e crianças. A Turquia trava batalha contra práticas como o assassinato de mulheres acusadas de ter manchado a reputação alheia.
A afinidade do país com os valores ocidentais é discutida há anos pela União Europeia, bloco ao qual tenta aderir.
Depois, enquanto celebrava a aprovação dessas leis, o país debatia o assassinato de Diyar Bengitay, 40, morta ontem em Istambul por um membro de sua família.
Ela havia deixado sua casa após discutir com o marido.
Por fim, integrantes do grupo feminista ucraniano Femen tiraram as blusas e fizeram um protesto-topless, manifestando-se contra o abuso de mulheres na Turquia.
“Foi um dia incrível”, afirma Lydia Frempong, porta-voz do grupo International Women’s Day, criado em 2001 para incentivar a manifestação global a respeito do tema.
Frempong cita protestos globais -vistos desde Londres, em que a organização está baseada, até o Cairo, onde centenas marcharam pedindo que metade da Assembleia Constituinte seja formada por mulheres.
“A situação da mulher depende muito do país. Em locais como Afeganistão e Índia, ela ainda não tem contato com a educação e é oprimida”, diz.
Acesse em pdf: Mulheres vão às ruas pelos seus direitos (Folha de S.Paulo – 09/03/2012)
(Bruno Bocchini, da Agência Brasil-SP) Uma passeata comemorativa ao Dia Internacional da Mulher reuniu cerca de 2 mil pessoas no região central de São Paulo. Organizada por centenas de entidades, entre partidos políticos, centrais sindicais e organizações não governamentais, a manifestação percorreu ruas próxima à Praça da Sé.
“Estamos aqui para tornar visível que a gente vive ainda uma situação de extrema desigualdade, as mulheres ainda sofrem violência de seus maridos e de seus companheiros. Viemos exigir uma mudança real e concreta na vida das mulheres”, disse Camila Furchi, da Marcha Mundial das Mulheres.
“Falta ainda, por exemplo, a gente ganhar o mesmo salário, falta a gente superar essa ideia de que as mulheres são responsáveis, só elas, pelo trabalho doméstico. Falta a gente tornar realmente intolerável que uma mulher sofra uma violência de seu marido”, acrescentou Camila.
A pouca quantidade de mulheres no legislativo e no executivo também foi um tema criticado pelos participantes da manifestação, que pediram apoio para a eleição de mulheres nas próximas votações. “O que a gente tem que fazer é nas próximas eleições dar o acesso ao poder para as companheiras que vão ser candidatas. Somos a maioria no Censo, mas a minoria no poder”, destacou a cantora, deputada estadual em São Paulo e membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Leci Brandão.
De acordo com o Fórum Nacional de Mulheres Trabalhadoras das Centrais Sindicais, apenas 9,1% das prefeituras são ocupadas por mulheres. Nas câmaras municipais, esse percentual é 12,5%, na Câmara Federal, 8,8%, e no Senado, 14,8%.
Acesse em pdf: Passeata em São Paulo comemora Dia Internacional da Mulher (Agência Brasil – 08/03/2012)