Suspeito de abusar da enteada de 11 anos foi preso em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense; ele e a mãe da menina também são investigados por cárcere privado
(Carolina Freitas, Felipe Grinberg e Luã Marinatto/O Globo) Aos 11 anos, ela não sabe ler nem escrever. Nos últimos dois, em uma situação que é investigada como cárcere privado, mal foi vista pelos vizinhos. Na semana passada, a menina deixou a casa da família em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, em uma ambulância, com um bebê nos braços. Só então descobriu-se que, horas antes, ela havia passado por um parto dentro da residência, na companhia da mãe e do padrasto — ele foi preso anteontem, acusado por estupro de vulnerável contra a enteada. À polícia, o casal disse que, até aquele momento, não fazia ideia da gravidez, e que a menina, mesmo praticamente não saindo à rua, foi abusada por outro morador das redondezas, que a teria subjugado com uma arma.
A sucessão de violações impostas a essa criança joga luz sobre um quadro de abusos constantes contra meninas e meninos no estado do Rio. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), obtidos via Lei de Acesso à Informação, indicam que o ano passado registrou o maior número de estupros contra vítimas de até 11 anos desde 2015. Foram 2.330 ocorrências do gênero no período, em uma média que supera os seis casos diários, o equivalente a um a cada quatro horas, aproximadamente.