Apesar de mudanças nas regras eleitorais, resultados atingidos ficaram muito distantes da almejada paridade
(Teresa Sacchet, Marcus Vinicius Chevitarese Alves e Danielle Gruneich/ Jota) As eleições de 2022 revelam um quadro de resultados mistos no que tange à representação política em perspectiva de gênero e raça. Com relação às mulheres eleitas para a posição de deputada federal, se por um lado vimos crescer o percentual de negras, indígenas e trans entre elas, o que fez aumentar a diversidade entre as representantes deste grupo, por outro o percentual total de eleitas não possibilita grandes entusiasmos. Passamos de 15% para 18% de eleitas como deputadas federais, o que significa que, dos 513 representantes que assumirão essas cadeiras no próximo ano, apenas 91 serão mulheres. Com isso, o Brasil continuará ocupando o posto de um dos países da América Latina com mais baixos índices de mulheres eleitas nessas posições.
O aumento não foi uniforme. Alguns estados perderam representantes mulheres. O Distrito Federal e o Piauí se destacam neste sentido. No primeiro, o número de eleitas que em 2018 era de 5, ou seja, 62,5% do total de 8 cadeiras, passou para 2. No Piauí apenas uma mulher foi eleita, quando em 2018 eram 4, ou seja, passou de 40% das vagas de um total de 10 cadeiras, para 10% apenas.
Diferentemente das perdas, não houve casos de ganhos tão significativos. Quatro estados elegeram mulheres acima do percentual de 30%. Com 38% entre os eleitos, o Acre e o Amapá foram os estados que mais elegeram mulheres. Ainda assim, no primeiro caso, houve um retrocesso no desempenho eleitoral delas, pois no pleito anterior esse índice era de 50%. O Amapá manteve o percentual de 2018. Goiás elegeu 35% quando em 2018 havia eleito 12%; e Santa Catarina elegeu 31%, mas já havia eleito 25% em 2022. O Pará pode ser considerado o caso de melhor desempenho proporcional das mulheres, passando de 1 parlamentar para 5 em 2022.