No mês da Consciência Negra, uma história triste, mas que serve como um alerta: só a informação salva do racismo e de uma de suas consequências em alguns dos momentos mais importantes da vida de uma mulher: a gestação e o parto. Chega de violência obstétrica!
Thais Machado, pedagoga, 29 anos, se preparava para o dia em que finalmente conheceria o amor de sua vida, Maya. Ela já a esperava por 41 semanas e 4 dias, quando chegou à maternidade, depois de um pré-natal respeitoso, feito na Casa Angela, localizada na zona sul de São Paulo (SP). O parto não poderia acontecer na casa de parto porque a gravidez passava de 41 semanas e a mãe ainda não sentia nenhuma contração. Seria preciso recorrer a uma indução. Thais esperava viver os dias mais felizes, mas, ao contrário, encontrou desrespeito e dor.
“Foi o oposto do que vivi na Casa Angela. Já na recepção do Amparo Maternal (maternidade localizada na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, SP), senti uma frieza muito grande”, contou, em depoimento exclusivo a BabyHome. Felizmente, contrariando suas primeiras impressões, Thais foi atendida por uma obstetra muito atenciosa, segundo ela. A profissional de saúde leu o plano de parto, redigido com todos os desejos da gestante, e aprovou. “Começamos a fazer a indução e eu não entrei em trabalho de parto ativo. Muito pelo contrário. A Maya entrou em sofrimento fetal e a obstetra que estava me acompanhando falou que eu teria de ser encaminhada a uma cesárea”, lembra. A obstetra disse que sentia muito e que tentaria seguir o plano de parto, conforme o pedido de Thaís. Ufa!
No entanto, depois disso, a realidade foi bem diferente. Um médico e uma médica que nunca tinham visto, nem conversado com a gestante, fizeram a operação. Eles não dirigiram uma palavra sequer à paciente. “Falavam de tudo, menos de mim. Não perguntaram nada sobre a minha vida. Conversavam sobre viagens…”, lembra, dolorosamente.