Decisão que nega aborto em caso de impossibilidade de vida extrauterina é demonstração acintosa de falta de lógica e de humanidade
Não se sabe se a juíza acha que é possível viver sem rins, mas, em sua decisão hedionda, alegou que não há provas de que o feto não sentirá dor. Ela se refere à decisão do STF que autorizou o aborto em casos de anencefalia.
Sem cérebro, de fato, é impossível sentir dor, mas isso não é argumento válido. Se fosse, o aborto em casos de estupro não seria permitido. O que o legislador privilegia é a saúde física e mental de quem gesta.
No livro “O embrião é um ser vivo?”, o filósofo francês Francis Kaplan mostra que não é o embrião que se desenvolve no útero, é o corpo da mãe que o desenvolve. O feto faz parte do corpo da mulher.