(Adital) No início de abril, a Secretaria da Mulher da Intendência de Montevidéu e o Centro de Estudos sobre Masculinidades e Gênero, com apoio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), colocará em marcha no Uruguai o “Programa de Atenção a homens que decidem deixar de exercer a violência”. A iniciativa quer gerar espaços de reflexão e trabalho em grupo com homens que decidiram mudar e abandonar a violência contra suas famílias e parceiras.
O projeto utiliza um modelo desenvolvido no Centro de Capacitação para Erradicar a Violência Intrafamiliar Masculina, conhecido como modelo Cecevim, criado em São Francisco, Estados Unidos, para erradicar a violência praticada contra a família e a parceira. O Programa está inserido nas atividades da 7ª Campanha de Março Mês das Mulheres.
Outra iniciativa desenvolvida e anunciada pelo Ministério do Interior no marco das comemorações do oito de março, Dia Internacional da Mulher, foi a realização de licitação para o Estado adquirir pulseiras eletrônicas destinadas a monitorar quem pratica violência doméstica. A intenção é que o sistema esteja em funcionamento até de 25 de novembro, Dia Internacional contra a Violência Doméstica.
Além da pulseira eletrônica, a política também contempla a entrega de um celular às vítimas, a fim de que elas façam a denúncia contra seus agressores. Em alguns casos, as mulheres não denunciam por medo do agressor, por acreditar que ele vai passar pouco tempo preso ou por saber que ele não vai cumprir as ordens judiciais.
O projeto, de autoria da deputada Alma Mallo, é piloto e vai ser experimentado em Montevidéu, para onde serão compradas 200 pulseiras. Caso os resultados sejam positivos, o projeto se espalhará por todo o país. No momento, o Ministério do Interior está preparando um decreto que habilitará os juízes das varas de família a derivarem os casos aos julgados penais, que deverão avaliar a periculosidade do agressor para que seja colocada a pulseira.
Violência doméstica em números
A quantidade de denúncias de violência doméstica cresce a cada ano no Uruguai. Em 2011, foram recebidas 15.868 queixas de violência em tribunais de família. Em 2010, este número foi menor (15.277 denúncias), assim como em 2009 (13.709). O aumento das cifras mostra que as mulheres estão mais dispostas a denunciar e revela também uma triste realidade enfrentada por centenas delas.
Em alguns casos, as violências cometidas contra as mulheres e as famílias são fatais. No ano passado, 40% dos homicídios registrados no país foram por casos de violência doméstica, o que mostra que o Uruguai está em débito com as mulheres por não estar conseguindo garantir a proteção necessária para elas e seus filhos.
Outra cifra alarmante é que a cada 14 dias morre uma mulher. A informação se baseia no fato de que, de novembro de 2010 a outubro de 2011, 26 mulheres foram assassinadas por consequência de violência doméstica. Além destes casos, outros sete estão sendo investigados pela Justiça. Em pelo menos três, há fortes suspeitas de que o criminoso seja um parceiro ou ex-parceiro da vítima.
O departamento de Rocha é o que registra a maior taxa de homicídios de mulheres (7,1 de cada 100 mil mulheres), em seguida vem Trinta e Três (6,0 cada 100 mil) e o departamento de Tacuarembó com taxa de 5,1 de cada 100 mil mulheres.
Acesse em pdf: Programas com foco nos homens buscam reduzir casos de violência doméstica e de gênero (Adital – 20/03/2012)