Pesquisadora Ana Costa, da Abrasco, defende que ministério abandone políticas verticais, focadas apenas na maternidade. É preciso expandir o cuidado aos múltiplos âmbitos da vida – e as Redes de Atenção Integral podem ser ótimo começo
O ataque do bolsonarismo às mulheres não foi discursivo, e sim real: elas morreram mais em seu governo. Certamente o discurso antiaborto (e aqui entra a responsabilidade dos líderes religiosos que o apoiaram) tem sua contribuição. Após anunciar a volta de um SUS a serviço de seus parâmetros fundadores e respeitoso dos direitos humanos, a ministra da Saúde Nísia Trindade de Lima publicou o primeiro revogaço de medidas acumuladas no governo Bolsonaro. A mais chamativa, sem dúvidas, foi a portaria 2561/2020, que impunha dificuldades de acesso ao aborto em casos permitidos em lei.
Mas o desmonte sistemático de instrumentos como as Equipes de Saúde da Família, o fim do programa Mais Médicos e o desfinanciamento crônico também são parte da trágica obra. Ao analisar mais criticamente o conjunto, conclui-se que diversos aspectos do direito à saúde foram enfraquecidos. Dessa forma, o debate pela recuperação do SUS passa pelos fundamentos do sistema, desde sua criação, como a universalidade e a integralidade.