Estudo publicado pelo Sebrae mostra a disparidade de rendimento e condições de trabalho entre os empreendedores no Brasil
Em um vídeo no Instagram, a empreendedora Laís Zkaya anunciou o fechamento da sua empresa de produtos afro. Muito emocionada, ela dizia que não ia conseguir arcar com os custos deste ano e já estava com dívidas. Não sabia se a decisão era definitiva, mas sentia esgotamento mental de sempre lutar para o negócio sobreviver.
De Criciúma, a marca Zkaya tem diversos produtos com a temática afro – bijuteria, bolsas, calçados, turbantes, bonés para cabelos crespos e cacheados, moda casa, moda praia e bonecas negras – e foi criada em 2016 por Laís. Ela tem 4 funcionários e diversos fornecedores.
Além da formação em design, ela estudou sobre empreendedorismo, fez cursos de vendas, marketing e pós-graduação. Todo caminho descrito pelos teóricos como necessário para o empreendedor ter êxito.
– Comecei a Zkaya sem dinheiro e sempre corri atrás para dar conta. Isto traz uma carga emocional muito forte. E não é uma realidade só minha, mas de muitas pessoas pretas que estão empreendendo. São pessoas que não têm capital para ficar esperando. Estas demandas acumuladas estão fazendo eu desistir do meu projeto no momento em que me sinto mais preparada. Se tivesse com as contas em dia ou um capital, eu não estaria desistindo.
A realidade de Laís expõe a dificuldade dos empreendedores negros, especialmente as mulheres, para manter seus negócios vivos. Um estudo do Sebrae, baseado na PNADC do segundo trimestre do ano passado, mostra que, em todos os índices, as mulheres negras têm pior desempenho.