Pesquisa da Fiocruz mostra que programa social desempenhou importante papel na saúde feminina
Publicado no Journal of the American Medical Association Network, um estudo do Cidas (Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde) da Fiocruz Bahia quantificou o risco de morte em mulheres mais vulnerabilizadas e apontou uma taxa geral de proteção de 18% em mulheres beneficiárias do programa Bolsa Família. Fruto da tese de doutorado da epidemiologista Flávia Jôse Alves, a pesquisa indica que o programa social tem papel crucial na saúde materno-infantil.
Em 1990, a cada 100.000 nascidos vivos, 120 mães iam a óbito em decorrência do parto. Em 2013, esse número caiu para 69, segundo relatório da Organização Mundial da Saúde. Em 2019, chegou a 57, mas voltou a aumentar para 107 em 2022.
A partir do cruzamento de dados do Sinasc (Sistema Nacional de Nascidos Vivos) com o Sistema de Informação sobre Mortalidade, a pesquisa também analisou 7.912.067 milhões de mulheres que entraram em trabalho de parto de 2004 a 2015, sendo que 4.056 foram a óbito.
Associado a outras estratégias estatísticas, esse cruzamento (chamado linkage por similaridades) revela que quanto maior o tempo de recebimento do programa, maior a proteção, criando uma taxa de proteção de até 31% quando o benefício se deu por tempo maior ou igual a 9 anos antes até a gestação.
A análise sobre o tempo de cobertura e o impacto na saúde mostra que mulheres que até o dia do parto tinham entre 1 e 4 anos recebendo Bolsa Família tiveram taxa de proteção de 15% para morte materna. Já aquelas cobertas entre 5 e 8 anos tiveram um fator de proteção de 30%. Esses dados indicam que o recebimento do Bolsa Família atua na construção de uma condição de vida melhor para as mulheres e aumentam suas chances de sobrevivência.