As parlamentares brasileiras têm sido alvo de insultos, críticas e invalidações violentas nas redes sociais. É o que mostra uma pesquisa do Laboratório de Combate à Desinformação e ao Discurso de Ódio em Sistemas de Comunicação em Rede (DDoS Lab), da Universidade Federal Fluminense.
Os responsáveis pelo estudo analisaram mais de 1.500 mensagens publicadas no Twitter, Facebook, Instagram e Youtube, direcionadas às 79 deputadas federais e 12 senadoras atuantes na última legislatura. E identificaram que 9% delas continham algum discurso de violência. Mas a pesquisadora Leticia Sabatini ressalta que não é só uma questão de quantidade de ataques.
E os ataques aumentam muito contra parlamentares específicas. As políticas do campo ideológico da esquerda sofreram duas vezes mais violência do que aquelas do espectro da direita. As maiores vítimas durante o período analisado foram: a deputada federal Talíria Petroni, atacada em 50% das menções, e as professoras Dayane Pimentel e Jandira Feghali, ofendidas em 33,3% das mensagens.
Taliria ressalta que a violência política contra mulheres revela um ódio misógino e pode sair do discurso e chegar à ação, como o caso da vereadora Marielle Franco, executada a tiros há quase 5 anos.
De acordo com o estudo, os insultos são a forma de ataque mais cometida pelos usuários das redes sociais, aparecendo em 41% das mensagens ofensivas. Em seguida, aparece a invalidação, com 26,6%, que é quando se tenta diminuir a importância dos posicionamentos da parlamentar.
O Twitter foi a plataforma com mais mensagens enquadradas como violência discursiva e quase ¼ do conteúdo continha ofensa. Já no Facebook, apenas 4,4% das menções eram violentas, no entanto, é nesta rede que o engajamento nos conteúdos com ataque às parlamentares mais aumenta.