Especialistas apontam que a independência financeira da mulher é crucial na luta contra a violência doméstica e o assassinato de mulheres. Na capital, 20 mulheres foram covardemente mortas este ano
O massacre de mulheres vítimas de feminicídio no Distrito Federal é um assunto que requer medidas urgentes do poder público do Distrito Federal. Na capital do país, 20 mulheres foram assassinadas nos primeiros seis meses do ano, superando todos os casos de 2022, quando 17 foram mortas em razão de gênero ou no âmbito do convívio familiar. Para vencer essa guerra, especialistas apontam que, um dos caminhos, é criar mecanismos para que a mulher tenha autonomia financeira.
Carla Antloga, professora de psicologia clínica da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora na área de trabalho feminino, afirma que a desigualdade salarial entre homens e mulheres é a superfície do machismo estrutural, e faz com que homens acreditem que seus privilégios são direitos inatos. “Falar de desigualdade salarial é também falar do empobrecimento de tempo. Com menos tempo e recebendo menos, as mulheres terminam com menor acesso a recursos e serviços que permitiriam a elas se capacitar, estudar e descansar”, argumenta Carla.
Segundo a especialista, esse empobrecimento faz com que mulheres estejam sujeitas a relacionamentos abusivos como única forma de se manter com algum sustento. “Em todos os contextos em que a mulher tem condição de igualdade salarial com homem, você tem menos violência. Não só doméstica, mas violência contra mulher no trabalho, menos assédio sexual e menos assédio moral, porque a mulher tem condição de fazer frente”, explica a especialista.