Há mulheres, muitas brancas e ricas, engajadas em minar a luta de outras
Há algo de podre (e antigo) no reino do antifeminismo atual e em sua tentativa de devolver as mulheres à domesticidade, como podemos ver no artigo “O feminismo contra as mulheres” (23/7), da colunista Lygia Maria, publicado nesta Folha.
O texto —que defende que o movimento feminista atual promove vitimismo, faz mulheres confundirem paquera com assédio e as ensina “a procurar agressão onde nem sempre há”— é um claro exemplo do que a autora Susan Faludi chamou de “backlash”. Um contra-ataque conservador e machista que surge a cada avanço feminista.
A alegação de que os movimentos feministas incitam a vitimização é infundada e distorce seus propósitos. Para evitar esses equívocos, é preciso entender sua natureza. O primeiro ponto é compreender que o feminismo não retrata mulheres como vítimas indefesas, mas reconhece a histórica discriminação que sofrem no trabalho, na política, na educação e na vida doméstica.
Outra questão central é conscientizar mulheres sobre sua condição para encorajá-las a exercer a autonomia e lutar por igualdade de tratamento, subverter normas patriarcais e promover transformações estruturais na sociedade. Nada mais distante de vitimização!