Um Brasil de margaridas e mães bernadetes, por Susana Prizendt

7ª Marcha das Margaridas, realizada em Brasília. Foto: Ricardo Stuckert/PR

7ª Marcha das Margaridas, realizada em Brasília. Foto: Ricardo Stuckert/PR

22 de agosto, 2023 Outras Palavras Por Susana Prizendt

Na quinta-feira (16/08), perdemos a Ialorixá baiana, assassinada brutalmente. Há 40 anos, ruralistas liquidaram a camponesa Margarida Alves. Cem mil mulheres a homenagearam em Brasília. São feitas de material vivo que pode até tombar, mas rebrota

Em seu poema mais famoso, Drummond afirma que havia uma pedra no meio do caminho. É uma constatação que todxs nós fazemos e refazemos continuamente, já que é comum encontrarmos obstáculos nas trilhas que percorremos ao longo da vida. Só que as tais pedras costumam ser mais duras e pesadas nas trilhas de quem já nasceu em áreas de conflito, como é o caso dos territórios em que a concentração fundiária e a exploração de seres humanos e da natureza são práticas seculares.

No Brasil, país continental em que quase 50% das áreas agrícolas se situam em menos de 1% das propriedades, a realidade de quem nasce em uma família sem um pedaço de terra para chamar de seu é descobrir desde cedo como encontrar um caminho no meio de tantas pedras pesadas. E é nessa busca diária pela sobrevivência, que muitas pessoas encontram motivos poderosos pelos quais lutar: justiça social, direitos, sacralidade da vida em todas as suas instâncias. Conceitos que parecem abstratos, mas que, se o que representam não está presente de fato – como é o caso do que ocorre na maioria das comunidades humanas – geram consequências muito concretas na realidade de quem está do lado menos favorecido.

Sim, há dois lados na estrada. O lado de quem detém o poder e a posse de bens, dos que são acometidos por uma ganância constante, que leva à tentativa de se apropriar mais e mais do que deveria ser de outrem. E, embora nem todos os homens se encontrem desse lado, ele é, sem dúvida, masculino. Se você tem alguma dúvida, basta olhar para as pessoas que estão em cargos de tomada de decisão nas grandes empresas, no poder público nacional ou nos organismos internacionais; para quem detém os maiores patrimônios; para os que são obedecidos e temidos pela população em geral. Sim, são majoritariamente homens e, também, majoritariamente brancos.

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