Estado tem a maior taxa de feminicídio do país, quase o triplo da média nacional. Despreparo da polícia, impunidade e avanço de igrejas fundamentalistas contribuem para cenário, apontam especialistas.
Faz três meses que Carla* (que teve o nome alterado pela reportagem) não vê os filhos. Na última vez que tentou, na véspera do dia das mães, ela foi esfaqueada pelo ex-marido em frente da casa. Os golpes deixaram marcas no peito, no braço e nas mãos. O agressor só parou porque um motoboy que passava na rua o segurou, e Carla conseguiu fugir.
“Ele tentou arrancar o meu olho e quebrar o meu pescoço”, conta Carla à DW. “Ele só não me matou porque ele não tinha uma arma”, afirma a vítima por telefone.
Para viver, Carla, 34 anos, se escondeu. Ela era casada desde os 18 com o agressor, que sempre foi ciumento. O problema escalou quando ela passou num concurso público e foi fazer um treinamento fora. Foi quando ela descobriu que estava sendo espionada por meio de um aplicativo instalado secretamente no celular pelo marido.
A tentativa de feminicídio está sendo investigada pela polícia civil de Rondônia, onde o crime ocorreu. O estado tem a maior taxa de feminicídio do Brasil: foram 3,1 vítimas por 100 mil habitantes em 2022. O número é mais que o dobro da média nacional, que ficou em 1,4, apontam os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
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