Parlamentares negras têm sido orientadas por seus partidos e por movimentos civis feministas a se calarem diante do novo texto da PEC da Anistia, que promete manter a destinação de verba eleitoral para mulheres, mas reduz o valor destinado à candidatura de políticos pretos e pardos.
O que acontece, porém, é que tanto mulheres quanto homens negros são invisibilizados nessa batalha. Ao silenciarem sua negritude em nome do coro feminino, essas mulheres enfraquecem a já frágil possibilidade de crescimento da representação racial na política.
Pretos e pardos são 56% dos brasileiros, segundo o IBGE, mas representam menos de 15% do primeiro escalão dos governos estaduais, por exemplo.
As mudanças na PEC enfraquecendo as cotas proporcionais à candidatura de negros fazem parte de uma resposta de parlamentares à articulação de movimentos civis –formado majoritariamente por mulheres brancas— que buscavam o crescimento do número de mulheres em cadeiras de vereação e prefeitura.
Elas tentaram articular a reserva de 30% das cadeiras para mulheres já nas Eleições de 2024. A proposta foi incorporada de forma distorcida na PEC da Anistia, mas o grupo considerou o novo texto um ganho, “apesar do retrocesso para a comunidade negra”.