Para a advogada Fayda Belo, a estrutura patriarcal sobre a qual o Brasil foi construído faz com que mulheres, sejam elas negras, brancas, ricas, pobres, cis ou trans, não sejam capazes de identificar quando são vítimas de um crime.
“Não é questão de status, mas sobre uma herança histórica violenta, que oprime e mata as mulheres”, diz ela em entrevista à Folha.
Autora do livro “Justiça para Todas”, ela considera que a sociedade brasileira foi criada com base na dominação masculina. Legitimada ao longo de séculos por instituições como a Igreja Católica, a polícia e a Justiça, ela coloca a mulher como inferior e indigna dos mesmo direitos que o homem.
Especializada em crimes de gênero, direito antidiscriminatório e feminicídio, a advogada de 41 anos teve seu trabalho popularizado na internet durante a pandemia.
“Com o fórum fechado, eu comecei a ver mais vídeos online. Um dia, num ato de impulso, eu vi uma moça que falou algo errado, abri a câmera e falei: Epa! Não pode, não! Aí é crime!”, conta, aos risos. O vídeo viralizou e a frase se tornou jargão.
Foi quando a advogada percebeu o interesse do público no direito, cuja linguagem é pouco acessível. Ela passou a traduzir seu conhecimento técnico para o cotidiano, e isso a levou a aparecer em rede nacional, explicando crimes em telejornais.