O economista ultra liberal e novo presidente argentino, que toma posse neste domingo (10), passou a campanha eleitoral atacando pautas relacionadas aos direitos reprodutivos – sobretudo ao ameaçar revogar a legalização do aborto, em vigor desde 2020. Especialistas contam a Marie Claire quais são as chances de isso acontecer e o que deve mudar com a eleição de Milei
Eleito com 55% dos votos em novembro de 2023, o economista ultraliberal Javier Milei toma posse como presidente da Argentina neste domingo (10). Integrante do partido A Liberdade Avança, da ultra direita, Milei se destacou na campanha eleitoral com falas e propostas polêmicas, como a dolarização da economia argentina e o fim do Banco Central; além de propor a eliminação de direitos de pessoas LGBTQIAPN+ e mulheres – incluindo a revogação da legalização do aborto.
Comparado com ex-presidentes como Donald Trump e Jair Bolsonaro, Milei defendeu “o direito à vida desde a concepção” e afirmou que faria um plebiscito para revogar a lei sancionada em dezembro de 2020. “Se o resultado for a meu favor, a lei é eliminada. Mas deixemos os argentinos escolherem”, afirmou Milei em entrevista a uma TV local, durante a campanha.
“Se os argentinos acreditarem no assassinato de um ser humano indefeso no ventre da mãe, isso será visto”, continuou. O novo presidente também derrubou o Ministério da Mulher, Gênero e Diversidade. Para justificar a decisão, alegou que acredita “na igualdade perante a lei” e que a pasta promovia “marxismo cultural”.
Os posicionamentos de Milei passaram a preocupar as mulheres argentinas quanto a um retrocesso nos direitos reprodutivos do país. Sobretudo com relação ao aborto até a 14ª semana em todos os casos, que foi legalizado pelo Senado argentino em dezembro de 2020 após intensa mobilização feminista.