Os dias 8 de março são um convite para refletir sobre a condição feminina, nossas conquistas e desafios frente ao Estado, aos governos e à sociedade.
Não há dúvida que de onde fomos jogadas e submetidas na hierarquia de poder, andamos muito. Mas, mesmo assim, há ainda um longo caminho a ser percorrido que abrange as esferas legais, econômicas, culturais e tantas outras.
Refletindo sobre a saúde e a medicina, em particular, o corpo e a identidade da mulher nunca foram motivo do respeito merecido e necessário.
Desde os primórdios, os livros didáticos de medicina ensinam barbaridades sobre as mulheres, confirmando o padrão do patriarcado na ciência do corpo e da alma.
A medicalização sobre o corpo feminino espelha-se como efeito do incômodo e do desrespeito sobre as mulheres como sujeitas e cidadãs.
Nos anos 1980, além do movimento da reforma sanitária propondo o direito universal à saúde, o movimento feminista incidiu sobre a saúde das mulheres para mudar o foco materno infantilista, que restringe a atenção em saúde aos aspectos da maternidade.
Nesse contexto, surge em 1983 o PAISM – Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher. Foi e ainda é uma política de vanguarda porque propõe a autonomia decisória nos assuntos reprodutivos, abordagem ampla por parte dos serviços acerca dos problemas e demandas femininas e mudança nas relações de poder entre mulheres e profissionais de saúde.
A estratégia inovadora do PAISM é a prática educativa que fornece ferramentas para a intervenção crítica das mulheres no processo do cuidado. O movimento feminista celebrou essa conquista e passou a ser parceiro e referência do movimento sanitário.