Entidades de mulheres negras do Brasil cobram de Portugal a responsabilização por séculos de escravidão e pedem que Lisboa se comprometa com ações de reparação.
Nesta semana, durante o 3º Fórum Permanente para Pessoas Afrodescendentes das Nações Unidas, o Instituto Marielle Franco, o Odara – Instituto da Mulher Negra, as Redes da Maré, o Fundo Agbara, os Movimento Mulheres Negras Decidem e o Observatório da Branquitude protestaram contra a diplomacia portuguesa.
As entidades manifestaram sua “profunda irresignação diante da ausência absoluta de posicionamento da República Portuguesa a respeito de medidas concretas de reparação à população negra brasileira pelos danos profundos causados pela escravização e o tráfico transatlântico, graves crimes contra a humanidade”.
A declaração foi emitida depois que o governo de Portugal, durante os debates na ONU, fez um discurso de combate ao racismo. Mas não assumiu qualquer compromisso e nem ofereceu medidas de reparação diante da escravidão.
Segundo a delegação portuguesa, o combate ao racismo é uma prioridade no país. Portugal admitiu que esse fenômeno “tem uma história”. Mas se limitou a dizer que se trata de uma “história do comércio transatlântico de escravos, que acreditamos ter constituído um crime contra a humanidade e a história do colonialismo”.