Enquanto a polícia prende suspeitos de terem estuprado mulheres que se refugiavam em abrigos após a tragédia no Rio Grande do Sul, parlamentares em Brasília continuam buscando aprovar a proibição do aborto legal, ou seja, aquele permitido em casos de estupro, risco de morte para a mãe e anencefalia.
Propostas tentam garantir “personalidade civil” desde a concepção e, com base nisso, buscar a proibição da interrupção da gravidez. O jornal O Estado de S.Paulo apontou, neste domingo (12), que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), prometeu à bancada evangélica consultar o colégio de líderes sobre um pedido de urgência para colocar o “Estatuto do Nascituro” em votação.
Se aprovado, o projeto vai reduzir os direitos de gestantes aos de vasos de plantas. E interrupções legais, como a da menina de 10 anos, de São Mateus (ES), estuprada desde os seis anos pelo próprio tio, não teria sido realizada. Em 2020, grupos religiosos, com apoio do governo Jair Bolsonaro, tentaram impedir o procedimento. Chegaram a ameaçar o médico e a família.
Mas, de acordo com pesquisa Datafolha, de março deste ano, 42% da população é a favor de que o direito ao aborto permaneça como é hoje, 15% defende que seja permitido em mais situações e 6% que seja autorizado em qualquer situação. Ou seja, 63% querem que os direitos sejam mantidos ou ampliados. Por outro lado, apenas 35% defendem que o aborto seja totalmente proibido, incluindo casos de estupro, risco de morte e anencefalia.