Nas últimas eleições, o tema da representação de gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersexos, que conhecemos como LGBTI+, passou a ocupar um espaço central na discussão da democracia brasileira.
Ao longo dos anos, houve um aumento tímido de pessoas LGBTI+ que se candidatam e são eleitas no Brasil. Para minha pesquisa de doutorado, mapeei aquelas que se elegeram em nível municipal desde 1992 – quando os dois primeiros casos ocorreram – até 2020, ano do último pleito.
Em 1992, elegeram-se Kátia Tapety e Renildo José dos Santos, que percorreram caminhos muito próprios no campo político. Kátia ficou conhecida como a primeira travesti a ser eleita no país, no município de Colônia (PI), enquanto Renildo (Coqueiro Seco/AL) foi silenciado por um crime bárbaro que tirou sua vida.
Não existem dados oficiais sobre candidaturas e políticos LGBTI+ no país. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão responsável pela sistematização de informações das pessoas candidatas, não realiza a identificação daquelas que se declaram LGBTI+.
A falta de dados produzidos pelo Estado brasileiro levou pesquisadores e diversas organizações, como a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e a Aliança Nacional LGBT, a realizar mapeamentos próprios, mesmo com poucos recursos financeiros e informacionais.