Sofrer um ou mais episódios de violência sexual não é apenas traumático no momento do ato em si. Passar por esse tipo de violência pode deixar marcas diversas a curto, médio e longo prazo, sejam elas físicas, psicológicas ou emocionais
Na última terça-feira (18) foi divulgado o Atlas da Violência, levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e do Fórum de Segurança Pública. O documento mostra que o tipo de agressão mais frequente registrado em 2022 contra meninas entre 10 e 14 anos foi a violência sexual, que representou 49,6% das ocorrências nessa faixa etária. Entre crianças de zero a nove anos, a violência sexual respondeu por 30,4% dos casos, atrás apenas da negligência.
Os impactos decorrentes de um ou mais episódios de violência sexual são incontáveis. Os mais imediatos e visíveis são os físicos: lesões nas genitálias e infecção por doenças sexualmente transmissíveis, para citar dois exemplos mais frequentes. Mas as cicatrizes emocionais e psicológicas podem ser tão devastadoras quanto aquelas que aparecem no corpo.
A psicóloga e analista Emanuela Vieira de Aguiar, especialista em atenção à saúde da criança pelo Hospital Universitário Onofre Lopes, em Natal (RN), mergulhou em diversas pesquisas para produzir um artigo de revisão de produção científica sobre impactos e consequências psicológicas, cognitivas e emocionais que a violência sexual produz em crianças e adolescentes.