A cada 28 internações por abortos incompletos, uma paciente morre. De acordo com especialistas, garantir acesso seguro pode diminuir riscos para as mulheres
Um levantamento da Associação Gênero e Número indica que 483 mulheres morreram após fazerem aborto em hospitais da rede pública no Brasil entre 2012 e 2022. Esse dado veio a partir da análise de 1,7 milhões de internações registradas no Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS) como “gravidez que termina em aborto”.
Desse total, mais da metade das internações foram de abortos espontâneos, que acontecem de forma involuntária. No entanto, proporcionalmente, o maior número de mortes ocorreu nos casos de “falha na tentativa de aborto”: quando o procedimento é feito inadequadamente e/ou por vias clandestinas.
O aborto clandestino é o principal responsável pelas complicações médicas que levam à morte pela interrupção da gravidez. Esse procedimento é feito sob condições precárias, com uma estrutura imprópria e profissionais sem a capacitação necessária. Essa negligência coloca a vida das mulheres que recorrem a essa prática em risco.
Segundo o mesmo levantamento, a cada 28 internações por abortos incompletos, uma paciente morre. O risco de morte é 140 vezes maior nesse caso do que em todas as outras categorias combinadas. E a morte não é a única das possíveis consequências de um aborto malsucedido. Há também riscos de impactos permanentes na saúde física e psicológica da mulher, como a necessidade de remover o útero ou infertilidade.