A resposta depende de como a pergunta é feita. Enquanto pesquisas mostram população brasileira dividida sobre aborto, especialistas apontam que metodologias simplistas não conseguem capturar complexidade do tema.
A discussão sobre a interrupção da gestação no Brasil é marcada por um empate técnico entre os que são favoráveis e contrários à legalização da prática em qualquer caso, segundo estudo recente. No entanto, outros levantamentos mostram que a população é mais flexível sobre o assunto do que sugerem os discursos antiaborto.
A maioria da população é contrária à criminalização do aborto e apoia a manutenção do procedimento nas circunstâncias já permitidas por lei. Além disso, é majoritariamente contrária ao PL 1904, que busca equiparar o aborto após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio.
Especialistas entrevistadas pelo Catarinas apontam que perguntas simplistas não captam a complexidade das experiências de quem passa por essa decisão. Além disso, o estigma associado ao aborto pode influenciar as respostas, tornando inadequadas as abordagens tradicionais.
Estima-se que ocorram cerca de 500 mil abortos por ano no Brasil, envolvendo majoritariamente mulheres cristãs, sejam católicas ou evangélicas, mas também mulheres de diversas outras religiões, segundo a Pesquisa Nacional do Aborto (PNA) de 2021. O levantamento aponta que, muitas vezes, a oposição ao aborto está mais relacionada à coerção moral do que a uma oposição consciente e informada.