Mortalidade materna de mulheres pretas é o dobro de brancas e pardas, diz estudo

Foto: João Paulo de Souza Oliveira/Pexels

17 de julho, 2024 Folha de S. Paulo Por Redação

Morte materna é aquela ocorrida em decorrência da gravidez, durante o parto ou no pós-parto

Mulheres pretas têm quase duas vezes mais risco de morrer durante o parto ou no puerpério que mulheres pardas e brancas, segundo um estudo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) publicado em junho na Revista de Saúde Pública.

A pesquisa investigou a taxa de mortalidade materna segundo a cor da pele antes e durante a pandemia da Covid, de 2017 a 2022, considerando também a causa da morte, região do país e faixa etária.

Em todos os cinco anos, causas, regiões e faixas etárias, mulheres pretas tiveram piores resultados que pardas e brancas —que apresentaram resultados semelhantes— e até mesmo indígenas.

“O racismo é um problema da sociedade brasileira”, diz Fernanda Garanhani Surita, professora de obstetrícia da Unicamp e coautora do estudo. “Não é que as pessoas pretas tenham problemas de saúde maiores e por isso morrem, elas têm dificuldade de acesso [à saúde] e de cuidado qualificado. É uma questão muito profunda.”

A morte materna é aquela ocorrida em decorrência da gravidez, durante o parto ou no pós-parto. Cerca de 92% são evitáveis e ocorrem principalmente por hipertensão, hemorragia, infecções e abortos provocados.

Em geral, de 2017 a 2022, a taxa de mortalidade materna foi de 67 mortes por 100 mil nascidos vivos no Brasil. Mulheres brancas e pardas contabilizaram 64 mortes, mas mulheres pretas tiveram índice de 125,8 (quase o dobro).

Os dados da pesquisa foram coletados no DataSUS, do Ministério da Saúde, e as categorias de raça seguiram a classificação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Surita explica que os pesquisadores optaram por analisar separadamente pretas e pardas para que não houvesse o risco de “invisibilizar o quanto os números são piores para mulheres pretas”.

“Isso mostra que, mesmo dentro de grupos vulneráveis, há mulheres expostas a mais vulnerabilidades”, diz Surita.

Os pesquisadores afirmam que não compararam as taxas de mulheres indígenas porque há diferentes fatores relacionados a essa desigualdade de tratamento sofrida por elas. Também deixaram de fora da comparação mulheres amarelas devido à baixa porcentagem delas na população.

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