Relatório da organização denuncia discriminação de decisão da França e revela impacto na inclusão esportiva das mulheres muçulmanas
A Anistia Internacional publicou, na última terça-feira (16), um relatório de 32 páginas denominado “We can’t breathe anymore. Even sports, we can’t do them anymore” (“Já não podemos respirar. Até o esporte, não podemos praticar”, em tradução livre), que detalha o impacto da proibição de atletas francesas usarem lenços de cabelos ou hijab para competir nos Jogos Olímpicos de 2024. Segundo o órgão, a decisão expõe a hipocrisia discriminatória das autoridades da França.
“Impedir os atletas franceses de competirem com hijab esportivos nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos zomba das alegações de que Paris 2024 é a primeira Olimpíada da Igualdade de Gênero“, disse Anna Bwabus, pesquisadora de direitos das mulheres da Anistia Internacional na Europa.
Em setembro do ano passado, a ministra de esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra proibiu atletas e integrantes das comissões técnicas do país de usarem símbolos religiosos durante os Jogos Olímpicos de 2024, o que inclui a proibição do véu islâmico, ou hijab. Em resposta, ativistas pediram o fim da proibição que deixa os atletas muçulmanos “excluídos e humilhados”, segundo organizações como a Aliança Sport & Rights, Human Rights Watch e a Anistia Internacional.
No entanto, faltando menos de dez dias para o início das competições, em 26 de julho, o país não deu sinais de que vai ceder aos apelos para que a política discriminatória seja anulada. A polêmica então retornou, com uma manifestação direta da Anistia Internacional.
“As regras discriminatórias que regulam o que as mulheres usam são uma violação dos direitos humanos das mulheres e meninas muçulmanas e têm um impacto devastador na sua participação no esporte, bloqueando os esforços para tornar os esportes mais inclusivos e mais acessíveis”, reforça Anna.
A Anistia Internacional ainda menciona que, apesar das repetidas exigências, o Comitê Olímpico Internacional (COI) até agora se recusou a pedir às autoridades esportivas na França para que anulassem suas proibições de atletas que usam o hijab nas Olimpíadas e em todos os níveis do esporte.