Mortes de mães pretas durante e após o parto se sobressaem em todas as áreas do país. Para pesquisadores, disparidades estão enraizadas em ‘racismo estrutural, vulnerabilidades interseccionais e desigualdades sociais’.
A região Sudeste tem a maior diferença entre a taxa de mortalidade materna para mulheres pretas e brancas de todo o Brasil, segundo pesquisadores da Unicamp. Além disso, os dados apontam que as mortes de mães pretas durante e após o parto se sobressaem em todas as áreas do país, faixas etárias e causas.
Mortalidade materna no sudeste:
- Mulheres pretas: 115 mortes por 100 mil nascidos vivos
- Mulheres brancas: 60 mortes por 100 mil nascidos vivos
Como é feita essa medição? Segundo o Ministério da Saúde, a razão de mortalidade materna (RMM) é feita a partir do cálculo do número de óbitos maternos a cada 100 mil nascidos vivos de mães residentes em uma área específica, em um ano determinado.
O coeficiente considera as mortes ocorridas até 42 dias após o fim da gestação e reflete, ainda de acordo com a pasta, a qualidade da atenção à saúde da mulher. Taxas altas podem significar, por exemplo, falhas na assistência pré-natal e durante o puerpério.
No caso das mulheres pretas, os óbitos maternos foram duas vezes maiores do que de mulheres pardas e brancas no período entre 2017 e 2022. Esse recorte racial foi essencial para entender as camadas de vulnerabilidade, segundo a professora Fernanda Surita, uma das autoras do estudo.
“Nesse estudo, as pardas correm com as brancas e não com as pretas. Muitas vezes, quando a gente mistura e avalia mulheres negras, estamos minimizando todas as dificuldades de acesso à saúde e condições adversas das mulheres pretas”, explica a pesquisadora.