Cinco estudos que todo juiz deveria ler antes de decidir sobre aborto

24 de julho, 2024 Intercept Brasil Por Nayara Felizardo

Pesquisas feitas nos últimos 20 anos mostram que, quanto mais avança a gravidez, mais a vida de meninas estupradas corre risco.

Uma frase que sempre ouvi em mais de sete anos cobrindo o judiciário é que “os magistrados têm autonomia para decidir de acordo com seu convencimento”.

Foi isso que me disse a assessoria de imprensa do tribunal de Goiás quando pedi um posicionamento sobre a decisão judicial que obrigou uma menina de 13 anos a manter a gestação após ser estuprada – mesmo a legislação garantido o direito ao aborto nesse tipo de situação.

Mas o que forma o convencimento dos magistrados em um tema como o aborto – diretamente relacionado à saúde da mulher e seus direitos reprodutivos –, mas é dominado por conservadorismo e convicções religiosas?

Para a obstetra Helena Paro, pesquisadora que criou o primeiro serviço de aborto legal por telemedicina do país, decisões como a das magistradas de Goiás, de Santa Catarina e do Piauí, que impediram o acesso ao aborto legal de crianças e adolescentes, não fazem sentido do ponto de vista médico.

Isso porque os riscos de um aborto induzido são muito baixos se comparados à manutenção da gestação. E eles aumentam semana a semana. Estudos citados pela especialista e publicados entre 2004 e 2022 em diversas revistas científicas, entre elas a The Lancet, trazem essa e outras conclusões.

Mesmo em gestações acima de 20 semanas, destaca Paro, a morte em um aborto induzido ocorre em menos de 8 a cada 100 mil procedimentos. Já a possibilidade de hemorragia é menor do que 1%. Se a gravidez seguir adiante, o risco de hemorragia é três vezes maior. E o risco de morte ou quase morte é de 1 a cada 100, segundo dados da Organização Mundial da Saúde de 2013. “Isso é multiplicado cinco vezes quando se fala de menores de 14 anos”, afirma a obstetra.

Além disso, tentar antecipar o parto de fetos com cerca de 30 semanas de gestação eleva em mais de 50% a chance de eles terem uma vida de sofrimento com as sequelas graves causadas pela prematuridade, segundo estudos citados por Paro.

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