A antropóloga Débora Diniz é alvo de um “redemoinho de ódio”, como ela mesmo define. Em 2018, ela esteve entre as dezenas de mulheres que se reuniram no Supremo Tribunal Federal (STF) para debater a descriminalização do aborto no Festival pela Vida das Mulheres. Após ameaças de morte por sua defesa pública, ela teve que deixar o Brasil.
Ainda que esteja em exílio, a antropóloga continua a provocar o debate no Brasil e no mundo. Esse ano, ela dirigiu o filme “Uma Mulher Comum”, que conta a história de Scarleth Dantas, 29, uma mulher negra e mãe de três filhos que viaja mais de 2 mil quilômetros para ter acesso a um aborto legal e seguro.
O documentário acompanha a trajetória de Dantas, que estava na fila para o planejamento familiar pelo SUS. Sem sucesso, ela tenta por meio da rede privada, mas, nesse meio tempo, acaba engravidando. A saída é realizar um aborto em Buenos Aires, onde a interrupção voluntária da gravidez é legal desde dezembro de 2020. A obra já foi premiada em festivais internacionais de cinema.
“A mulher comum é sobre essa mulher comum, atravessando as fronteiras do privado, do doméstico, do país, e da vida para ter um aborto.”
– Débora Diniz a Universa