Em meio a um mar de desinformação e ataques virtuais, Maria da Penha, farmacêutica, que dá nome à principal lei brasileira contra violência doméstica e familiar, enfrenta um novo tipo de agressão: as fake news. Em entrevista à Lupa, a ativista compartilhou como essas mentiras têm impactado sua vida e sua luta pelo combate à violência contra as mulheres.
Durante a conversa, Maria da Penha relembrou o choque ao descobrir que seu agressor, em vez de ser um assaltante, era seu ex-marido, Marco Antonio Heredia Viveros, que tentou matá-la em maio de 1983. Ela também discutiu as estratégias que considera eficientes para combater essas ameaças online, e enfatizou a necessidade de uma fiscalização e punição rigorosa sobre quem produz e patrocina conteúdos desinformativos.
Penha também afirmou que se sente aliviada pela proteção recebida através do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos no Ceará, mas destacou que ainda enfrenta o medo de ser atacada por aqueles que se sentem prejudicados ou atacados pela Lei Maria da Penha. “O programa tem me dado segurança, mas a ameaça continua presente”, disse.
Sobre a violência contra mulheres, que cresceu no Brasil no último ano, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 revelou um aumento em todas as formas de violência, incluindo crimes virtuais como a divulgação de imagens íntimas e stalking. Para a ativista, esse cenário de crescente hostilidade reforça a necessidade de estratégias eficazes de proteção e combate à violência virtual. Ela também defendeu melhorias na Lei Carolina Dieckmann e na Lei Maria da Penha para que ambas as legislações possam enfrentar de forma mais robusta a invasão de dispositivos e os crimes virtuais contra mulheres.
Para o futuro, Maria da Penha espera que pequenas cidades também disponham de centros de referência para apoiar as vítimas de violência e que as leis evoluam para prevenir e combater a desinformação e violência contra as mulheres.