Vices turbinam participação, e mulheres chegam a 60% das chapas nas capitais

15 de agosto, 2024 Folha de S. Paulo Por João Pedro Pitombo

Apenas 1 em cada 5 candidaturas tem mulheres como cabeças de chapa

As chapas que vão disputar as prefeituras das capitais brasileiras terão maior presença feminina nas eleições de 2024, mas a maioria das candidatas estará em posição coadjuvante na disputa.

Levantamento da Folha mapeou 192 chapas registradas na Justiça Eleitoral para disputar prefeituras das capitais e identificou que 118 delas terão participação feminina —cerca de 60% do total. Esse número pode ter mudanças pontuais até quinta-feira (15), prazo para final registro de candidaturas.

A presença das mulheres como cabeça de chapa, porém, ainda é diminuta. Do total de candidaturas registradas nas capitais, apenas 40 serão lideradas por mulheres, o que equivale a 20,8% dos candidatos às prefeituras. Na eleição de 2020, esse percentual nas capitais foi de 18,6%.

Além das chapas comandadas por mulheres, outras 78 serão lideradas por candidatos homens com mulheres candidatas a vice-prefeita. Este número representa cerca de 40% do total de candidaturas nas capitais.

“Historicamente, esta tem sido uma evolução lenta e gradual. Mas os números demonstram uma evolução a ponto de causar estranheza quando uma candidatura é lançada apenas com homens”, avalia a cientista política Priscila Lapa, professora da Universidade Federal de Pernambuco.

A lei eleitoral determina que os partidos lancem pelo menos 30% de candidatas mulheres nas chapas proporcionais e que destinem o mesmo percentual do fundo eleitoral para o custeio de gastos de candidaturas femininas.

As regras eleitorais, contudo, têm brechas que possibilitam a destinação de recursos da cota de gênero para chapas lideradas por homens com mulheres na vice.

Desta forma, 6 em cada 10 chapas registradas nas capitais poderão utilizar a fatia do fundo eleitoral destinada à cota de gênero. Nesta eleição, o valor total do fundo será de R$ 4,9 bilhões, que serão distribuídos entre 29 partidos.

Fortaleza, Manaus, Cuiabá, João Pessoa, Florianópolis e Rio Branco não terão nenhuma mulher como candidata a prefeita. Ainda há uma indefinição em Boa Vista: a deputada estadual Catarina Guerra (União Brasil), única mulher que registrou candidatura, enfrenta uma disputa no partido.

Por outro lado, Aracaju será a única dentre as capitais que terá maioria feminina na disputa pela prefeitura: são 5 mulheres entre os 8 postulantes ao cargo na cidade.

Dez chapas serão formadas apenas por mulheres. Dentre elas está a candidatura da deputada federal Tabata Amaral (PSB), que disputará a Prefeitura de São Paulo com Lúcia França (PSB) como candidata a vice.

A escolha foi feita após uma tentativa fracassada de aliança com o PSDB. Ao anunciar a escolha da vice, Tabata destacou o ineditismo da chapa com duas mulheres na capital paulista: “É o momento de a gente poder consertar o que os homens têm feito com a cidade de São Paulo”.

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