Participação feminina na política é tema da segunda temporada do videocast Substantivo Feminino, promovido pelo YouTube
No próximo mês, serão realizadas eleições municipais no Brasil para eleger as próximas lideranças de prefeituras e câmaras municipais. Essa é mais uma oportunidade de enfrentar a desigualdade de gênero na política, desafio que demanda uma combinação de esforços – desde fomentar a participação feminina nos espaços de poder até assegurar que elas estejam seguras.
Logo no registro das candidaturas, as mulheres largam em minoria. As 155 mil candidatas neste ano representam um terço do total de pessoas buscando se eleger no Brasil, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – desta vez, mais da metade delas são negras.
A questão é que, a contar pelas últimas eleições municipais, a representação de gênero e raça cai ainda mais quando se observa quem de fato é eleito. Embora as mulheres componham 51,5% da população, elas são prefeitas de apenas 12% dos municípios.
Já as mulheres negras são 28% da população, mas governam 4% dos municípios. Quando consideradas as capitais, apenas Palmas (TO) tem uma mulher como prefeita. Isso é o que mostra o Censo das Prefeitas Brasileiras (mandato 2021-2024), do Instituto Alziras.
O mesmo quadro se reflete nas câmaras locais. No último ciclo de eleições municipais, em 2020, das 5.568 cidades que foram às urnas, 933 não tiveram sequer uma candidata eleita ao cargo de vereadora.
Em outras palavras, nesses locais, apenas homens tomaram as decisões da política legislativa local desde então. E, do total de eleitos para as câmaras municipais no Brasil todo, apenas 16% eram mulheres.
“Historicamente, no Brasil temos esse desafio político da representatividade e da proporcionalidade. E é importante falar desses fatores quando pensamos em democracia plena: representatividade pode ser única, mas não é bom ter só uma mulher, pessoa negra, trans ou indígena no espaço de poder. Essas pessoas precisam estar proporcionalmente representadas”, diz Vitória Régia da Silva, presidente e diretora de conteúdo da Gênero e Número, que produz conteúdos orientadas por dados abordando questões de gênero e raça.
Nessa linha, não bastaria uma representante, mas uma composição mais parecida à observada na sociedade brasileira. “A politica ainda tem uma cara branca, de homens cisgênero e que vem de um legado de poder. Precisamos mudar essa realidade para que a política tenha mais a cara da nossa população”, adiciona.