Em média, cada mulher teve acesso a R$ 10.870,00, enquanto homens tiveram 55% a mais, ou R$ 16.822,00 cada
As candidaturas femininas ficaram com um quarto dos recursos destinados à campanha municipal no país. Em média, cada mulher teve acesso a R$ 10.870,00. Já os homens tiveram 55% a mais, ou R$ 16.822,00 cada um. A falta de incentivo financeiro e visibilidade dadas às mulheres fez com que 15% das candidatas tivessem de zero a dez votos na eleição. Entre os homens, somente 5% alcançaram votação tão baixa.
É o que mostra levantamento elaborado pela Nexus Pesquisa e Inteligência de Dados a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A diferença no financiamento entre homens e mulheres ocorreu a despeito das regras que exigem dos partidos um patamar mínimo para o apoio às mulheres no pleito.
De acordo com os dados do TSE, as candidatas negras tiveram ainda mais dificuldade para conseguir apoio financeiro. O levantamento da Nexus mostrou que candidatas autodeclaradas brancas tiveram, em média, R$ 12.550 para suas campanhas. O valor está abaixo do recebido por homens, mas as colocou em vantagem em relação às pretas (R$ 11.807) e pardas (R$ 8.858,00). Os candidatos brancos foram os que concentraram a maior parte dos recursos, recebendo, em média, quase R$ 23.000.
A Constituição define que os partidos políticos devem destinar ao menos 30% dos recursos públicos para candidaturas femininas. A cota foi estabelecida por meio de uma emenda constitucional aprovada em 2022. Além disso, a distribuição deve ser proporcional ao número de candidatas. Ou seja, se houver número maior de mulheres, o percentual tem de ser elevado. A exigência vale tanto para o fundo partidário quanto para o fundo eleitoral. As legendas também são obrigadas a manter a cota de 30% para mulheres no tempo de rádio e TV.
Para Marcelo Tokarski, CEO da Nexus, o levantamento mostra que a promoção da equidade não foi uma prioridade nas campanhas municipais.
— Além da disparidade de receitas, a frequência maior de mulheres com poucos votos pode ser um indicativo de que os nomes foram escolhidos apenas para cumprir a cota, e não para ampliar a representatividade feminina de fato.