Nos últimos anos, houve uma mudança do uso de estratégias para evitar uma gravidez entre mulheres que solicitaram aborto em entidade na Inglaterra e no País de Gales
Nos últimos cinco anos, houve um declínio no número de usuárias de métodos contraceptivos como a pílula anticoncepcional e um aumento de estratégias naturais para evitar uma gestação. A mudança pode estar relacionada a uma maior busca por abortos. Essas foram as principais conclusões de um novo estudo publicado no periódico BMJ Sexual and Reproductive Health.
Pesquisadoras avaliaram dados de pessoas na Inglaterra e no País de Gales que recorreram ao British Pregnancy Advisory Service (BPAS), uma instituição de saúde britânica que, há mais de 55 anos, defende e cuida de mulheres e casais que decidem interromper a gravidez.
Em janeiro a junho de 2018, primeiro período analisado, 33.495 mulheres buscaram aconselhamento para um aborto. Já de janeiro a junho de 2023, segunda janela estudada, 55.055 mulheres procuraram o serviço.
Mudança no perfil dos métodos contraceptivos
As chamadas práticas baseadas na percepção da fertilidade são um grupo de medidas para evitar uma gestação sem o uso de hormônios ou métodos de barreira, como a camisinha.
Elas reúnem estratégias como o rastreamento dos ciclos menstruais, a exemplo da tabelinha, e de outros sinais fisiológicos, como o muco do colo do útero. Assim, é possível estimar a janela fértil da mulher, isto é, o período da ovulação.
A pesquisa mostrou que esses métodos cresceram de 0.4% para 2.5% no período estudado. Embora sejam minoritários, essas estratégias apresentaram um aumento significativo.
Em contrapartida, o uso de ferramentas hormonais, a exemplo da pílula, diminuiu de 18,8% para 11,3%, enquanto a adoção de contracepção reversível de ação prolongada, tipo o DIU, caiu de 3% para 0,6%. As participantes que relataram não usar nenhum método contraceptivo no momento da concepção aumentaram significativamente em 14% — 55,8% para 69,6%.
Eficácia das estratégias para evitar uma gravidez
Rastrear a fertilidade por conta própria ou com o auxílio de aplicativos é possível, mas exige vigilância constante, como medir a temperatura corporal para saber quando está ovulando, e não ter relação no período fértil.
O NHS, sistema de saúde pública britânico, informa que, quando usados corretamente o tempo todo, essas práticas têm entre 91% e 99% de eficácia na prevenção da gravidez. No entanto, caso as instruções não sejam seguidas à risca, a eficácia cai para 76%. “Isto significa que 24 em cada 100 mulheres vão engravidar se monitorarem a sua fertilidade durante um ano”, diz o site da entidade.