Análise das eleições 2024: o legado de Marielle como ferramenta de resistência ao crescimento da extrema direita, por Lígia Batista

05 de fevereiro, 2025 Portal Catarinas Por Lígia Batista

Agenda Marielle Franco elegeu mais de 25 candidaturas comprometidas com o legado da socióloga, ativista e política brasileira.

Conseguindo números expressivos de prefeituras, a direita e a extrema-direita, que visam retomar o governo federal em 2026, foram, de modo geral, as grandes vitoriosas nas eleições de 2024, tanto nas urnas, como no acúmulo de forças. Também vimos crescer o número de representantes evangélicos e policiais eleitos predominantemente associados a ideais conservadores. Esse sucesso eleitoral da direita teve como um dos principais fatores determinantes o uso das chamadas “emendas PIX”, conhecidas pela falta de transparência em sua aplicação.

Resistindo a essa conjuntura, mais mulheres negras, cis, trans e travestis, comprometidas com os direitos humanos, conseguiram se eleger no pleito deste ano e vêm sendo as porta-vozes do legado de Marielle Franco.

Entretanto é importante observar que o índice de elegibilidade de mulheres negras, embora tenha aumentado em comparação com eleições anteriores, ainda é menor que o de grupos de mulheres brancas, homens negros e homens brancos, ou seja, as chances de se eleger é menor para mulheres negras. Isso demonstra a imprescindibilidade de aplicação de uma análise interseccional nas políticas de correção da sub-representação de mulheres e de pessoas negras na política brasileira.

É inegável que a persistência deste cenário está ligada à violência política de gênero e raça. Um dos tipos de violência que afetou diretamente o direito à representação política das mulheres negras durante essas eleições foi a precariedade na distribuição de fundos para campanhas, sendo necessário reconhecer a disparidade de capacidade financeira e os desafios para acessar redes de apoio e enfrentar os efeitos da violência política.

Nesse sentido, a aprovação da atual Emenda Constitucional nº 133/2024 fez com que candidaturas negras recebessem recursos limitados a um teto de 30% do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do Fundo Partidário. O Instituto Marielle Franco vem denunciando e enfrentando projetos como esses, que buscam anistiar partidos e limitar a eficácia de normas destinadas à garantia de participação política equitativa a grupos sub-representados.

Para nós, é urgente distribuir adequadamente os recursos para campanhas, inclusive como forma de prevenir a violência política, e promover a conscientização sobre normas anti-racistas e de proteção às mulheres.

Em 2021, foi criada a primeira lei de Violência Política contra Mulheres, e precisamos que ela seja devidamente aplicada.

Nos últimos anos, está sendo realizada uma série de ataques antidemocráticos aos nossos direitos. O Brasil enfrenta diversos problemas históricos aprofundados pelo neoliberalismo, como a política de morte contra a população negra, indígena e empobrecida; a violência contra defensores de direitos humanos; a degradação ambiental; as opressões de gênero; a perda de direitos trabalhistas; a concentração fundiária e de renda; as medidas de austeridade fiscal; e a fragilização de diversas políticas públicas.

Acesse o artigo no site de origem.

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas