Mulheres na periferia usam mototáxi para evitar perigos de andar a pé

06 de fevereiro, 2025 Folha de S. Paulo Por Redação

Transporte de passageiros em duas rodas é alvo de disputa entre aplicativos e Prefeitura de São Paulo

Para mulheres de baixa renda, as motos por aplicativo (motoapps) são alternativa mais segura do que andar do ponto de ônibus ou metrô até em casa. A preferência está relacionada ao receio de sofrer algum tipo de violência ou abuso durante deslocamento pela cidade, preocupação vivida por grande parte das entrevistadas pelo Instituto Locomotiva, em estudo encomendado pela empresa 99.

A pesquisa, que ouviu 2.750 mulheres de baixa renda no município do Rio de Janeiro e na cidade de São Paulo e região metropolitana, entre janeiro e fevereiro de 2024, constatou que cerca de 70% delas se deslocam a pé e quase metade sai de casa à noite ou de madrugada.

Para evitar assédio sexual nos trajetos de caminhada, 69% consideram a moto por aplicativo uma opção melhor. Os dados foram tema de discussão no seminário “Transporte de Passageiros por Moto”, promovido pela Folha nesta terça-feira (4), com patrocínio da Uber e mediação de Eduardo Sodré, repórter do jornal.

De acordo com Laura Lequain, head da Uber Moto no Brasil, as mulheres já são maioria entre os passageiros que utilizam o serviço nacionalmente —mais de 20 milhões desde que a modalidade foi lançada, em 2020, em diferentes cidades.

“Isso está muito atrelado a não se sentir segura para fazer um trajeto, às vezes curto, durante a noite ou em alguma região em que a mulher não tenha muita familiaridade”, disse, na segunda mesa do evento.

Para Luiz Fernando Villaça Meyer, arquiteto e diretor de operações do Instituto Cordial, que pesquisa segurança viária, é importante pensar no local e na iluminação dos pontos de embarque e desembarque das motos.

A importância da moto por aplicativo para as mulheres foi reforçada pelo economista Jorge Luiz Cruz, que desenvolveu uma dissertação de mestrado pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) sobre esse modal na periferia do Rio de Janeiro.

Realizada em cinco bairros da zona oeste da capital fluminense, a pesquisa ouviu 71 condutores e 211 passageiros e uma das conclusões é de que o serviço é usado principalmente por mulheres para se deslocar dentro de comunidades.

Questionada sobre a diferença entre as modalidades de transporte de passageiros por moto, Laura Lequain, da Uber, definiu mototáxi como transporte público e moto por aplicativo como transporte privado. As regulações, portanto, seriam diferentes.

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