Para a Polícia Civil do estado, a nova forma de solicitação vai facilitar o acesso de mulheres em situação de violência doméstica. Medida deve ser lançada na semana que vem, diz a corporação.
Após o assassinato de seis mulheres em menos de 24 horas no Rio Grande do Sul, a Polícia Civil disse que vai permitir que pedidos de medidas protetivas de urgência sejam feitos pela internet a partir da próxima semana. Veja detalhes dos casos abaixo.
A medida, segundo a corporação, deve facilitar o acesso de vítimas de violência doméstica à principal forma de interromper o ciclo de agressões. Nenhuma das mulheres mortas nesta sexta-feira (18) tinha medida protetiva contra os suspeitos.
O lançamento do recurso foi agilizado pelas autoridades após os crimes. “Já estava prevista, estávamos com as coisas organizadas, uma reunião havia sido feita na semana passada. Agora, vamos colocar em funcionamento o mais rápido possível”, explica Fernando Sodré, chefe da polícia no RS.
“Até 90% das vítimas de feminicídio não tem medida protetiva ativa. Não temos certeza, mas tudo indica que as mulheres têm tanto medo que não conseguem nem ir à delegacia denunciar. Com esse sistema que permite que o companheiro violento não tome conhecimento, esperamos atender um número maior de mulheres e, consequentemente, diminuir os feminicídios.”
Ainda não há data definida para o lançamento da ferramenta, mas a Polícia Civil deve fazer o anúncio na terça-feira (22).
“O mecanismo legal mais crucial que temos no momento é a medida protetiva de urgência. Ela tem efetividade. O registro policial, seja físico, seja virtual, e a medida protetiva de urgência, seja física e, a partir da semana que vem, digital, ela é fundamental para romper com esse ciclo de violência que assola as mulheres na nossa sociedade”, explica o delegado Christian Nedel, diretor do Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis.
6 casos em 24 horas
O Rio Grande do Sul registrou seis feminicídios em menos de 24h, entre a madrugada e a tarde de sexta-feira (18). Segundo o chefe de polícia do estado, os casos não têm ligação direta entre si.
“Não há nada que una os crimes. Está ligado a essa questão estrutural, de machismo e misoginia. Somos obrigados a reconhecer que são casos que estão ligados a um sentimento de posse, de não aceitar que a mulher tenha outro parceiro”, explica o delegado Fernando Sodré.