Despatologização da homossexualidade foi um processo gradual e prolongado
Por muito tempo, a homossexualidade carregou o pesado rótulo de doença, uma marca inscrita nos manuais oficiais da medicina mundial. Foi somente após um longo e silencioso caminho de revisões e resistências, que, em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) finalmente reconheceu o óbvio: o sofrimento ligado à orientação sexual não nasce da identidade, mas das sombras do preconceito e da exclusão social.
O que diz a OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a homossexualidade como transtorno mental na primeira versão da Classificação Internacional de Doenças (CID), em 1948. Essa classificação permaneceu vigente até a nona edição da CID, publicada em 1975.
A partir da do CID-10, lançado em 17 de maio de 1990, a OMS iniciou um processo gradual para retirar a homossexualidade da lista de transtornos mentais, embora ainda mantivesse categorias que permitiam algum grau de patologização.
A exclusão definitiva da homossexualidade como transtorno mental só foi concretizada em maio de 2019, com a aprovação da CID-11, cuja aplicação global começou em janeiro de 2022. Essa atualização foi possível graças à eliminação do diagnóstico chamado “homossexualidade egodistônica”.
O termo ““homossexualidade egodistônica” designava pessoas que experimentavam angústia ou conflito em relação à sua orientação sexual homossexual, desejando ser heterossexuais, mas sem conseguir alterar sua atração. Com essa decisão, a OMS reconheceu que o sofrimento ligado à orientação sexual resulta de fatores sociais, culturais e de preconceito, e não da orientação em si.
A homossexualidade no DSM
Por sua vez, no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), publicado pela Associação Psiquiátrica Americana (APA), a homossexualidade foi oficialmente retirada da lista de transtornos mentais em 1973, com a exclusão do termo na revisão do DSM-II.