Cresce participação de mulheres em planos de saúde, com maior alta entre 45 e 49 anos

13 de junho, 2025 Folha de S. Paulo Por Cláudia Collucci

Público feminino sempre foi associado à obstetrícia, mas nova realidade impõe desafios, com serviços e programas de cuidado diferentes

A participação das mulheres nos planos de saúde atingiu o maior patamar já registrado na história da saúde suplementar. São 27,6 milhões de beneficiárias, o equivalente a 53% dos 52,3 milhões de vínculos, de acordo com dados de abril de 2025.

A análise é do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar) com base em números da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Em comparação com o pico anterior, registrado em 2014, quando havia 26,6 milhões de beneficiárias, o número atual representa um acréscimo de 1 milhão de vínculos femininos.

Entre 2020 e 2025, o número de mulheres com planos médico-hospitalares cresceu 9,2%, com destaque para os grupos de 45 a 49 anos (+27,6%), 75 a 79 anos (+24,4%) e 40 a 44 anos (+21,9%).

A maior predominância é dos planos coletivos empresariais, responsáveis por 69,2% dos vínculos femininos —cerca de 19,1 milhões de beneficiárias. Esses planos são oferecidos pelas empresas como benefício aos seus funcionários.

Há uma forte concentração na região Sudeste, que abriga 59,6% das beneficiárias. São Paulo lidera com 9,7 milhões de mulheres com planos médico-hospitalares, seguido por Rio de Janeiro e Minas Gerais, ambos com cerca de 3 milhões, e pelo Paraná, com 1,7 milhão.

“Os números reforçam a forte dependência da saúde suplementar em relação ao mercado de trabalho formal”, diz José Cechin, superintendente executivo do IESS.

Segundo ele, além da oferta de plano de saúde pelo empregador, há outras razões que levam a mulher a buscar esse benefício, como a preocupação maior com a saúde. “Para ela, a necessidade e o uso de um plano tendem a ser maior do que para o homem.”

A composição demográfica, com mais mulheres adultas do que homens, também colabora. “Isso fica mais acentuado a partir dos 60 anos.”

De acordo com dados do governo federal divulgados em abril, a participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro aumentou para 40,6%, elevando o número para 7,7 milhões, mas a desigualdade salarial persiste. Elas ganham 20,9% a menos que os homens nos 53.014 estabelecimentos com 100 ou mais empregados.

A análise do IESS não avaliou se uma maior participação de mulheres estaria associada a custos médicos mais altos para os planos de saúde.

Para a médica Ana Maria Malik, coordenadora do FGV Saúde, é possível que sim. Na faixa etária de 45 a 49 anos, a que mais cresceu em vínculos, ela chama atenção para a fase do climatério e da menopausa, que, em geral, leva muitas mulheres a buscarem ajuda médica para lidar com os sintomas.

“As mulheres estão cada vez mais ouvindo falar que nessa época da vida você tem problema de tireoide, você tem depressão, então buscam mais ativamente serviços de saúde.”

Em relação à outra faixa etária que mais cresceu em vínculos, dos 75 aos 79 anos, Malik diz que também há bastante procura pelos serviços de saúde.

“Acima dos 70 anos, usamos mais o sistema porque somos mais demograficamente, os homens morrem mais cedo, e a gente está mais preocupada com a nossa saúde, por definição”, afirma.

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